sexta-feira, 27 de junho de 2008

SAMUEL KLEIN: TRABALHO, PERSEVERANÇA E OTIMISMO


Polonês naturalizado brasileiro, Samuel Klein completou 81 anos em novembro último. Klein chegou ao Brasil em 1952 e iniciou seu trabalho em São Caetano do Sul (SP), como vendedor de porta em porta. Em 1957, abriu sua primeira loja, que chamou de Casas Bahia em homenagem aos imigrantes nordestinos, seus principais clientes Hoje, a rede possui mais de 30 mil funcionários, 394 lojas em oito estados, 11 milhões de clientes mensais, milhares de fornecedores e mais de sete mil itens à disposição de seus clientes. A importância desses números deram a Samuel Klein o prêmio “Personalidade de Vendas ADVB” de 2004, prêmio esse que a Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil instituiu em 1962 para homenagear empresários de destaque no cenário nacional. A cerimônia de entrega aconteceu no último dia 17 de janeiro no Clube Monte Líbano, em São Paulo, e reuniu mais de mil pessoas. O começo... Klein nasceu em Lublin, na Polônia. Aos 19 anos foi preso pelos nazistas e mandado com o pai para o campo de concentração de Maidanek. Sua mãe e seus cinco irmãos foram mandados para o campo de Treblinka e Klein nunca mais os viu. Em 1944, quando os alemães, acuados, resolveram retirar os presos de Maidanek, a pé, e levá-los para a Alemanha, Klein, aproveitando uma distração dos guardas, fugiu no meio do mato. Quando chegou ao Brasil, em 1951, Klein trazia com ele sua mulher, Ana, e o filho Michael. Contando com apenas seis mil dólares no bolso, comprou uma casa e uma charrete. Foi com a ajuda de um conhecido que trabalhava no Bom Retiro que Klein adquiriu uma carteira de 200 clientes e mercadorias. Vendia de porta em porta pelas ruas de São Caetano do Sul, e quando algum cliente dizia que não podia pagar, Klein prontamente oferecia boas condições de pagamento. “Sempre vendi a prazo e conquistava minha freguesia com simplicidade – porque eu sou uma pessoa simples, fui pobre e sei das dificuldades da gente mais humilde”. De roupas de cama, mesa e banho, Klein passou a oferecer outros produtos, como móveis e colchões. Quando a clientela ia às lojas para pagar o crediário, sempre acabava adquirindo outros produtos. Era o início de seu império. Hoje, Klein ainda dá expediente e divide o comando da rede com os filhos Michael e Saul, verificando o volume de entrada e saída de mercadorias, avaliando os investimentos, medindo a eficácia dos anúncios, planejando novas lojas... A Casas Bahia é hoje uma empresa case mundial na concessão de crédito à população de baixa renda. Vendedor nato, Klein adora contar piadas e histórias do mundo dos negócios. Nem de longe deixa transparecer os horrores vividos durante a Segunda Guerra Mundial por ele e por sua família. O prêmio... Klein dedicou seu prêmio a todos os empresários que, assim como ele, lutam e acreditam em um Brasil melhor. “As dificuldades existem, mas nada é mais poderoso do que o trabalho, a perseverança e o otimismo”. Klein também agradeceu sua mulher e seus dois filhos pelo apoio e dedicação nesses 52 anos de trabalho. “Se fui eleito uma personalidade de vendas, não fui eleito sozinho. Tenho mais de 30 mil colaboradores, cada um deles vestindo a camisa da empresa. Por isso digo, com orgulho, que comando a maior equipe de vendas deste País.” Klein diz que confia em suas atitudes, por isso chegou aonde chegou, seguindo o que manda sua cabeça. “Chegamos até aqui mas vamos muito, muito mais longe. E vamos longe porque somos empreendedores, porque inauguramos 70 lojas no ano que passou e demos emprego a mais de 16 mil pessoas. Quando decidi vir para o Brasil, eu tinha sonhos e planos, e não fiquei parado. Eu vi o Brasil crescer e cresci junto com ele”, orgulha-se em dizer. O foco da Casas Bahia, segundo o próprio Klein, está na arte de comprar e vender. “Temos a maior frota própria de caminhões (são mais de dois mil) e tecnologia reconhecida no mundo todo. Pesquisadores americanos estiveram aqui e elegeram a empresa como a que mais sabe lidar com clientes de baixa renda no Brasil”. De cada dez clientes, sete não têm como comprovar renda. Cerca de 80% das vendas são feitas por crediário “Mais do que produto, quero que a Casas Bahia venda sonhos. Eu quero que qualquer pessoa desde País entre em minha loja e compre aquilo que deseja; eu quero um futuro melhor para o Brasil, e acredito que a Casas Bahia tem feito sua parte”, conclui. Em novembro de 2003, o empresário registrou suas memórias no livro “Samuel Klein e Casas Bahia – Uma Trajetória de Sucesso”.

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