sábado, 21 de junho de 2008

Por que eu tenho que aprender isso?

O propósito da educação é ensinar os jovens a pensar, e não ensiná-los o quê pensar, ou pior, rechear os seus cérebros com os pensamentos de outros seres humanos.Querida(o) Amiga(o),Eu adoro fazer palestra em faculdade. Eu adoro inflamar o sangue morno da atual juventude perdidinha da silva. Eu acredito que eu conheço a fórmula necessária para manter 500 jovens interessados naquilo que eu quero ensinar durante o tempo que for necessário. A fórmula é liderar um verdadeiro Vale-Tudo no auditório: cinco socos no estômago, três marretadas na cabeça, uma dose dupla de realidade somada com uma acareação energética que coloca a juvenília brasileira no seu devido lugar.Em algum momento durante essas palestras em faculdades, eu digo: "Alguns de vocês devem estar pensando: "O Ricardo virou palestrante, ele tá saindo do jogo, vai se aposentar, deixar o mercado para nós." Não, eu não estou pensando em me aposentar. Eu estarei bem ativo quando vocês estiverem começando. Eu serei o seu maior pesadelo. Eu serei o seu maior concorrente. Vocês terão que ser melhores do que eu. Vocês terão que ser melhores que os melhores. Vocês terão que trabalhar duro, ou não serão contratados pela minha geração. Eu estou na ativa, os melhores professores de vocês estão na ativa, o meu pai está na ativa, o meu sogro está na ativa. Ninguém tá saindo para abrir lugar para vocês. Vocês terão que conquistar o seu espaço com muita luta e trabalho duríssimo, ou mudar de planeta, ou fundar alguma sociedade alternativa patrocinada pelas cervejarias."As velhas gerações estão super preocupadas com o futuro das próximas gerações, várias iniciativas, aqui e ali, procuram despertar o interesse da "galera" pelas grandes causas da vida, inclusive porque, boa parte das próximas gerações não estão tão preocupadas assim, ou interessadas assim pelas grandes causas.Uma recente pesquisa feita pela BusinessWeek com objetivo de saber o que passa dentro da cabeça da juventude que tem menos de 30 anos, aponta que: "90% dos jovens gerentes pensam que estão entre os 10% melhores do mundo" (matematicamente falando - uma matéria pouca apreciada pela juventude - é praticamente impossível colocar 90% dentro de 10%, alguém está se achando o rei da cocada preta quando o seu reino já desmoronou antes mesmo de tomar algum corpo), "84% dos jovens com idade entre 25 e 34 trabalham para viver, apenas 16% vive para trabalhar" (qual seria a duração de um final de semana se essa turma pudesse mudar as coisas?), "50% se diz satisfeito com o trabalho que tem" (tão novo, e já tá satisfeito com as coisas????), e "Apenas 1 em 10 jovens com idade inferior a 30 anos pensa em nunca parar de trabalhar" (9 em 10 apostam que em algum momento de suas vidas, poderão mamar nas tetas do estado sem trabalhar sem produzir).Dá-lhe juventude Skol Beats! Dá-lhe juventude Zé Moleza.A Orkut do Google pode até ser o web site com mais page views entre a "galera", porém, é o tal do Zé Moleza - um portal web com 22.769 trabalhos de escola prontos e disponíveis para serem comprados e usados "como consulta" -, o web site que mais fatura em cima da galera.Tá tudo errado. O moleque compra um trabalho, para "aprender" e passar em uma matéria, que será irrelevante para o seu futuro.Nos EUA, as grandes empresas desceram das suas torres de mármore para resgatar as escolas públicas americanas (Não é apenas no Brasil que o ensino das escolas está totalmente desconectado da realidade do trabalho). A IBM, Exxon, Chevron, Boeing, Dell, Google, Intel e Microsoft resolveram invadir as escolas e transformá-las em celeiros de futuros funcionários. Cada empresa adotou determinadas escolas e adaptou o curriculo de matérias de acordo com o perfil do profissional que desejam ter no futuro. A Chevron lançou um programa sobre energia, a IBM sobre tecnologia, a Dell sobre como usar um computador, o Google sobre como aprender usando as ferramentas criadas pela empresa. A Microsoft, arrojada, chutou o balde e matou as sagradas matérias da escola: o inglês, a matemática e as ciências. No lugar, foram colocados alguns programas educativos que ensinam tudo de uma vez, tudo integrado. A Microsoft quer desenvolver jovens que saibam VENDER. Daí, o cidadão precisa aprender a fazer conta, desenhar projetos científicos ao mesmo tempo que aprende a ser um grande comunicador de idéias. Insano? Empresas escolham as suas escolas!! Você vai precisar de 500 funcionários em 2015? Reforme 5 escolas. Você precisa de 1.000 funcionários em 2012? Revolucione 7 escolas e 3 salas de aula e pau na máquina.Eu adoro a idéia. Estado fora da educação, igreja fora da educação. Deixe as empresas tocarem a educação desse país e alinhar o que precisa ser ensinado com o projeto de inovação que queremos para as nossas empresas.Muito se fala sobre universidade pública nesse país, mas pouco se faz. Todo mundo sabe que tá tudo sucateado. Roubo, bandalheira e cabide de emprego permeiam as instituições de ensino público. A USP em São Paulo, talvez a melhor de todos, tá largada. A Politécnica, a melhor escola de engenharia do Brasil, forma estudantes que se dizem despreparados para enfrentar o mercado de trabalho. Sucata pura.Enquanto isso, instituições transparentes como o SENAC, SENAI e SESI, mantidas pelo empreendedorismo brasileiro, oferecem milhares de cadeiras em seus cursos profissionalizantes. Elas ensinam exatamente o que precisa ser ensinado, e abrem as portas que precisam ser abertas.Os críticos da escola corporativa, dizem que se formos por esse caminho, em pouco tempo estaremos dizendo aos jovens para ler "Quem mexeu no meu queijo" e "Os Sete Hábitos" ao invés de "Dom Casmurro" e "Grande Sertões". Bem, talvez, mas acima de tudo, nós estaremos ensinando os jovens a pensar por conta própria, ter pensamento crítico, questionar tudo.Eu quero jovens que olhem nos olhos dos seus professores, e perguntem com firmeza e objetividade: "Por que eu tenho que aprender isso?" e quando o professor não souber responder, levantem-se e retirem-se da sala, e voltem apenas quando o professor estiver realmente preparado.QUEBRA TUDO! Foi para isso que eu vim! E Você?

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